Por melhor que seja sua clínica, com equipe capacitada, processos tecnológicos e equipamentos de primeira linha, ainda é possível cometer erros. Por isso, a gestão de riscos na saúde é indispensável para qualquer estabelecimento.
Afinal, erros na prática médica colocam em risco toda a cultura de segurança do paciente e podem gerar resultados catastróficos, tanto para a saúde de quem confiou em sua clínica quanto para sua própria reputação.
Além disso, há ainda os erros de gestão, que envolvem as áreas jurídica, financeira, comunicacional e organizacional da clínica. Sem um bom gerenciamento de eventos adversos, você arrisca todo o futuro de seu estabelecimento de saúde.
Ou seja: entre erros médicos e falhas de gestão, sua clínica está vulnerável a vários perigos sérios. Por isso, continue sua leitura e comece logo a fazer sua gestão de riscos na saúde.
Identificação de riscos médicos: quais são os diferentes tipos em sua clínica?
O primeiro passo de uma boa gestão de riscos na saúde é o que chamamos de identificação de riscos médicos.
Na prática, isso significa levantar, avaliar e registrar as possibilidades de erros e outros perigos possíveis em sua clínica — seja no trabalho de médicos e auxiliares, seja na própria gestão.
Nesse momento, é importante separar a “origem” e a área que pode ser atingida pelo erro, dividindo o que são riscos médicos, riscos jurídicos, riscos de gestão, entre outros. Essa clareza permitirá ter estratégias muito mais efetivas no combate a esses problemas.
No entanto, lembre-se de que essa divisão — que apresentaremos abaixo — não significa que os riscos ficam divididos e isolados em pequenas “caixinhas”. Um erro médico, por exemplo, vai gerar impactos na questão jurídica, assim como um problema de comunicação pode levar a dificuldades na segurança de dados.
Por isso, conheça as diferentes categorias e entenda como elas podem se integrar em momentos de crise.
- Riscos médicos
Estes são os riscos diretamente associados à prática médica, ou seja, que resultam de algum erro do médico, dos enfermeiros ou de algum auxiliar. Também podem ser causados por situações fora do controle dos profissionais, mas sempre têm a ver com sua atuação.
Entre eles, podemos mencionar o diagnóstico incorreto de alguma patologia, a prescrição de medicações inadequadas, a ocorrência de infecções hospitalares, etc.
Esses riscos são tidos como os piores na gestão médica, porque podem chegar ao extremo de levar o paciente à morte, ou prejudicar sua saúde e os resultados do tratamento.
Mesmo em casos em que o risco não envolva nenhum erro dos profissionais, é preciso levar em conta a responsabilidade legal em saúde. Problemas como esses podem acabar levando a processos judiciais contra médicos e a própria clínica.
- Riscos jurídicos
A questão jurídica também precisa estar na ordem do dia de sua gestão de riscos na prática médica. Além do perigo de sofrer processos, como já indicamos, a clínica ainda pode ter problemas legais se não fizer a declaração do Imposto de renda e do DMED corretamente.
O mesmo pode ocorrer se houver erros de contabilidade, de pagamentos aos funcionários e até de comportamento no ambiente médico. Sem falar no vazamento de informações pessoais dos pacientes.
- Riscos de segurança de dados
O vazamento de dados é outro risco muito sério na gestão médica. Afinal, qualquer clínica precisa armazenar diversas informações sobre seus pacientes e isso não pode ser acessado por pessoas não autorizadas.
Problemas como esses geram perda de reputação para a clínica, deixam-na vulnerável a processos e ainda podem enquadrar seu estabelecimento nas punições da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), como multas e suspensão das atividades.
Leia também: Sua equipe médica está preparada para a LGPD? Não cometa estes 5 erros em sua clínica!
- Riscos na gestão do prontuário
O prontuário é uma ferramenta indispensável na rotina de um médico e na própria gestão da clínica. No entanto, erros como o uso de prontuários de papel, arquivamento inadequado, demora na atualização e falta de segurança podem levar a problemas sérios.
Um deles é o acesso aos dados por pessoas não autorizadas, que já mencionamos antes. Além disso, erros na gestão do prontuário prejudicam até o atendimento ao paciente, colocando-o em risco de receber diagnósticos incorretos ou medicamentos aos quais é alérgico, por exemplo.
Leia também: 5 erros do prontuário eletrônico que você deve eliminar de sua clínica médica!
- Riscos de marketing
Agora vamos falar sobre riscos de marketing que, à primeira vista, são menos perigosos. No entanto, podem levar a perda de reputação da clínica e até a problemas jurídicos, se você não seguir as normas do CFM para marketing médico.
Os principais erros, então, são não seguir as normas, expor seus pacientes, usar campanhas que possam ser ofensivas e investir no marketing sem ter um planejamento adequado.
Leia também: 10 erros de marketing que você não pode mais cometer em sua clínica médica.
- Riscos de comunicação
Há ainda os riscos na comunicação com o paciente, que podem levar a conflitos, perda de confiança ou até indicação de tratamentos inadequados.
O problema de comunicação ocorre em duas situações. O primeiro é o que ocorre fora do consultório, com o secretário, durante agendamento de consultas, pós-atendimento e outros momentos.
Já o segundo é o problema com o médico, quando este não é claro em sua comunicação com o paciente e pode fazê-lo entender incorretamente seu tratamento. Sobre esses casos, confira: 6 erros de comunicação com pacientes que você está cometendo e não sabe!
- Riscos financeiros
Para encerrar, falamos sobre a gestão de riscos financeiros. Por mais que você evite todos os outros problemas, com organização, eficiência e humanização do atendimento, uma má gestão das finanças da clínica pode levá-la a fechar as portas.
Afinal, é a gestão financeira que mantém seu funcionamento no longo prazo. Por isso, confira: 7 erros financeiros que podem acabar com a sua clínica.
Cultura de segurança do paciente: quais as melhores práticas para prevenção de erros médicos e outros riscos?
O caminho para evitar esses perigos e reduzir seus danos é conhecê-los muito bem e criar uma cultura de segurança do paciente e da clínica, com foco na gestão de riscos na saúde e em sua prevenção.
Para começar, é fundamental seguir as normas de biossegurança para clínicas. Essas práticas padronizadas e o uso de equipamentos de proteção individual reduzem extremamente os riscos médicos, como a infecção hospitalar.
Confira: Manual de segurança do paciente: cuidados nos serviços de saúde.
No mesmo sentido, é preciso desenvolver uma comunicação clara e transparente no relacionamento com o paciente e com seus familiares. Isso aumenta a compreensão e a adesão ao tratamento, além de deixar todos preparados para possíveis riscos que fujam do controle dos profissionais.
A qualificação da equipe médica é outro ponto central. Profissionais capacitados erram menos e estão muito melhor preparados para gerência e identificação de riscos médicos.
Nesse contexto, alinhe com sua equipe para que a realização da gestão de riscos na saúde ocorra de forma coletiva, com monitoração da ocorrência de problemas, registro de possíveis perigos e análise dos dados obtidos. Assim, é possível ter mais prevenção e agilidade na resposta em casos de problemas.
Também é indispensável ter um jurídico organizado, sem pendências com a lei e com profissionais competentes para defender a clínica em casos de litígio.
Para completar, vale a pena usar a tecnologia!
- Ferramentas digitais na saúde facilitam diagnósticos, melhoram os resultados de tratamentos e ajudam a evitar erros em cirurgias, por exemplo.
- Uma boa prescrição digital evita a indicação de medicamentos inadequados e melhora a experiência do paciente.
- O uso de uma agenda médica virtual organiza os processos da clínica e evita riscos de atrasos, desorganização financeira, entre outros.
- Contar com assinatura digital dá mais agilidade e segurança para médicos e pacientes.
- Usar um prontuário eletrônico praticamente elimina os riscos conectados ao prontuário, dando muito mais eficiência para o registro de uma consulta e para a conferência de informações sobre um paciente.
- Ter um sistema de gestão médica focado em segurança de dados ajuda a proteger as informações pessoais da clínica e de seus pacientes. Um bom sistema também evita erros financeiros e de gestão médica.
Gerenciamento de eventos adversos: como avaliar o impacto de um erro e lidar com as consequências?
Mesmo tomando todos esses cuidados, sua clínica não estará livre dos riscos inerentes à prática médica. Afinal, é impossível controlar absolutamente tudo, não é?
Por isso, é preciso trabalhar o gerenciamento de eventos adversos em sua gestão de riscos na saúde. E isso significa, simplesmente, ter estratégias para lidar com os diferentes problemas que podem ocorrer.
Já falamos um pouco sobre o primeiro passo para isso: conhecer bem os problemas. Faça uma análise de riscos que apure o que sua clínica pode enfrentar. Na sequência, descubra como enfrentar cada situação.
Isso envolve a implementação de ações corretivas para minimizar os efeitos. Erros no marketing requerem novos investimentos na área; problemas financeiros demandam estratégias de contenção de gastos. E assim por diante.
Também é essencial ter um planejamento para lidar com processos judiciais decorrentes de eventos adversos. Contar com um bom advogado é um importante passo para isso.
No caso de falhas médicas, o processo tende a ser um pouco mais complicado, porque o paciente pode ser afetado diretamente. Para lidar com uma situação dessas, mantenha a calma, faça um levantamento do impacto atual, tente entender quais são as soluções possíveis e tenha uma comunicação clara com o paciente e sua família, para enfrentar o problema em conjunto.
Lembre-se de que, às vezes, o risco é irreversível. Nesses casos, a comunicação é sua maior aliada. Mantenha também a empatia e a tranquilidade. Assim, é possível lidar com a situação da melhor forma possível.
Enfim, como vimos, a comunicação e o relacionamento com o paciente são fundamentais em toda situação. Por isso, pode ser hora de investir em marketing de relacionamento.