Já pensou se você fosse capaz de prever o risco de um paciente desenvolver uma doença? Isso pode revolucionar todo o trabalho da saúde — e é esse o objetivo da medicina preditiva. Você já conhece essa abordagem moderna?
É claro que ainda é impossível saber com 100% de precisão a probabilidade do desenvolvimento de doenças. Mas com a tecnologia da era da saúde digital, a medicina preditiva já permite ter uma previsão suficientemente aproximada para estimular intervenções e evitar muitos riscos.
Foi o que aconteceu com a atriz Angelina Jolie. Segundo um artigo publicado no jornal New York Times, técnicas de medicina preditiva — também conhecida como medicina genômica — identificaram nela o gene BRCA1 que aumenta drasticamente o risco de desenvolver câncer de mama e câncer de ovário.
Essa probabilidade varia de acordo com cada mulher, mas, considerando a informação do gene BRCA1 junto com outros elementos da paciente, os médicos apontaram nela um risco de 87% de câncer de mama, além de 50% de câncer de ovário.
A atriz, que perdeu a mãe para o câncer de mama, fez, preventivamente, uma mastectomia dupla. Foi uma decisão delicada, mas que afastou esse risco que já assombrou sua família.
E esse é apenas um exemplo do que a medicina preditiva pode fazer. Continue sua leitura e entenda mais sobre o assunto:
O que é medicina preditiva ou medicina genômica?
Algumas das perguntas mais recorrentes na anamnese de pacientes têm a ver com o histórico familiar. Alguém da família tem diabetes? Ou problemas de coração? E câncer?
Todo profissional da saúde sabe que muitas doenças são genéticas e as respostas para essas perguntas são um passo importante para tentar prever o risco de o paciente desenvolvê-las.
Mas a informação que você pode receber a partir dessas questões ainda é extremamente limitada. Nem sempre elas são o suficiente para traçar um paralelo claro entre a predisposição genética e o potencial de uma doença.
Bons médicos já sabem disso e combinam as perguntas com outras avaliações que têm relação com a saúde, como hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos.
O objetivo da medicina preditiva, então, é dar um passo a mais nesse caminho tão importante.
Conhecida também como medicina genômica, ela soma a tecnologia e os estudos genéticos no trabalho de prever as probabilidades de desenvolvimento de uma doença — possibilitando, assim, uma previsão muito mais precisa.
- Entenda na prática:
A medicina preditiva reúne algumas informações que o médico já pode ter em seu prontuário eletrônico, principalmente por meio da anamnese. As principais são:
- Histórico familiar
- Histórico do próprio paciente
- Hábitos alimentares
- Práticas de exercícios
- Estilo de vida
- Entre outros
Além disso, ela apresenta novos dados fundamentais, principalmente por meio da:
- Análise genética
É nesse ponto que a medicina preditiva muda o jogo e revoluciona o cuidado com a saúde. Aproveitando-se dos avanços no estudo do genoma humano e de testes de DNA, ela permite visualizar com muito mais clareza os riscos aos quais cada indivíduo pode estar exposto.
Ou seja: o médico não depende apenas do histórico familiar para avaliar a predisposição genética de um paciente. Agora, ele pode ter um desenho do genoma que é claro e indicativo da realidade dessa pessoa.
E tem mais!
Outra virada importantíssima da medicina preditiva é a inteligência artificial aplicada à saúde. A partir dos dados levantados, essa tecnologia revolucionária faz cálculos matemáticos precisos e consegue apontar uma probabilidade extremamente precisa do desenvolvimento de uma doença.
A partir desse conhecimento, o médico pode sugerir tratamentos, cirurgias ou mudanças de hábitos totalmente direcionados para reduzir os perigos que o paciente está correndo.
Além dos riscos de doenças, a medicina preditiva proporciona também a possibilidade de prever se o paciente pode sofrer complicações ou responder negativamente a certos tratamentos. Tudo graças a dados genéticos combinados com o histórico do indivíduo.
Leia também: Como colocar em prática a saúde digital agora mesmo na sua clínica médica?
Como a medicina preditiva se relaciona com outros métodos nos cuidados de saúde?
Muita gente ainda confunde a medicina preditiva com o conceito de medicina preventiva. Essa confusão é comum e justificável, porque os dois métodos compartilham princípios semelhantes — além de serem parecidos até no nome.
Mas, para entender melhor essas diferenças e ver como os métodos dialogam e interagem no cuidado da saúde, vamos falar um pouco sobre as principais práticas e tendências.
A medicina curativa é a prática mais tradicional da saúde. Ela ocorre quando o paciente já está doente e demonstra sintomas. O médico, então, identifica o problema e o trata da melhor forma possível.
Para fazer isso, ele também depende de conhecer o histórico do paciente. Informações genéticas, inclusive, são excelentes ferramentas para fazer um diagnóstico preciso e saber qual tratamento recomendar.
Leia também: O que você precisa para oferecer o melhor diagnóstico médico para seus pacientes?
A medicina preventiva, por sua vez, não se limita a tratar um problema atual. Ela busca evitar que os problemas se instalem em primeiro lugar.
Para isso, um médico que trabalhe com medicina preventiva deve estimular o paciente a adotar práticas como exercícios, bons hábitos alimentares e higiene pessoal, que podem evitar doenças.
Além disso, ele recomenda consultas e exames de rotina que possam identificar doenças em estágios iniciais e prevenir sua evolução.
Saiba mais:
- O que é a medicina preventiva e por que você, médico, deve conhecê-la?
- Como a tecnologia vai transformar a medicina preventiva?
A medicina preditiva é o próximo passo. Ela continua ligada à medicina preventiva, no objetivo de prevenir doenças, mas dá ferramentas a mais para isso.
Em vez de recomendar práticas generalistas, um médico que atua com essa metodologia é capaz de identificar quais problemas podem afetar um paciente e apontar qual tratamento preventivo é o melhor para ele.
Nesse sentido, ela ajuda até na medicina curativa, dando aos profissionais mais ferramentas para entender o mal que acometeu seus pacientes.
Quais são os benefícios dessa prática no tratamento dos pacientes?
O grande benefício da medicina genômica é a antecipação do tratamento. O médico passa a ser capaz de lidar com um problema antes mesmo que ele apareça e reduzir drasticamente as chances de ele se tornar um risco verdadeiro para o paciente.
Isso envolve a realização de cirurgias preventivas, como foi o caso da Angelina Jolie, mas também abrange outras práticas menos extremas, como o monitoramento cardíaco, a eliminação de certos alimentos, o uso prévio de medicamentos, entre outras.
O cuidado da medicina preditiva pode até ser a chave para salvar pacientes de doenças que ainda não têm cura, simplesmente evitando que elas se desenvolvam.
No contexto da gestão médica, essa prática também é positiva. Ela:
- Reduz custos
- Diminui riscos
- Proporciona diagnósticos precisos
- Fideliza mais pacientes
E, é claro, ajuda sua clínica médica a cumprir a importantíssima missão de salvar vidas causando o mínimo de impacto negativo em seus pacientes.
Quais são as críticas e conflitos éticos do uso da medicina preditiva?
Apesar dos benefícios, a prática da medicina preditiva também gera críticas e receios.
O primeiro envolve o fato de que as informações ainda não são exatas. Essa prática tem um potencial enorme, mas os estudos ainda estão se desenvolvendo e nada pode dar clareza total sobre os riscos à saúde que uma pessoa pode sofrer.
Então, médicos que trabalham com a medicina preditiva devem ser claros e honestos com seus pacientes, apontando essa prática como um apoio na prevenção e no cuidado da saúde, mas todas as decisões devem levar em conta a possibilidade de erros e imprecisões.
Também há críticas sobre os princípios éticos na aplicação da tecnologia. Empresas farmacológicas, por exemplo, poderiam aproveitar essas informações para aumentar a lucratividade sem o cuidado necessário com o bem-estar dos pacientes.
Sem falar que a identificação de uma pessoa como predisposta a desenvolver certa doença pode afetá-la em níveis psicológicos e sociais. Então todo o processo deve ser feito com cuidado e humanização, mantendo as informações sempre restritas entre médico e paciente.
Recomendamos, inclusive, contar com um sistema que garanta a segurança dos dados de sua clínica e de seus pacientes.
Como aplicar essa técnica em sua clínica médica?
A medicina preditiva é uma inovação tecnológica e, portanto, depende de tecnologia para ser colocada em prática.
Por isso, o primeiro passo para contar com essa possibilidade em sua clínica é buscar uma plataforma que possibilite os exames de DNA, as análises genéticas e, finalmente, a avaliação dos dados por meio de inteligência artificial.
Então aproveite tudo o que você aprendeu neste artigo e busque a ferramenta mais adequada à sua clínica.
Depois disso, é só seguir as orientações fornecidas e lembrar sempre das dicas deste texto, levando em conta a questão ética e a humanização em seu atendimento.