Atuar na área da saúde é um trabalho muito gratificante e, ao mesmo tempo, muito delicado. Cuidar do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas é uma responsabilidade que os médicos assumem como um propósito.
Devido à complexidade do corpo humano, médicos e médicas se especializam para oferecer o melhor cuidado possível ao paciente. Pensando nisso, o bom profissional médico não pode esquecer que os sistemas do corpo humano funcionam de forma integrada e que suas diferentes partes podem causar ou influenciar em algum problema de saúde.
A saúde mental é um grande exemplo disso. O psicológico humano afeta profundamente outras partes do corpo e pode desencadear, ou piorar, diferentes problemas médicos.
Em setembro, o assunto ganha ainda mais força com a campanha Setembro Amarelo, que foca na prevenção do suicídio. Esse tema precisa ser trabalhado de forma consciente em sua clínica ou consultório médico, a fim de ajudar seus pacientes de forma ainda mais completa.
Mas como tomar essa iniciativa não sendo da especialidade de psicologia e psiquiatria? Para saber mais, continue lendo este artigo!
O suicídio já é considerado uma questão de saúde pública mundial. Segundo dados da OMS, cerca de 800.000 pessoas no mundo cometem suicídio anualmente. Isso significa que, em média, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos.
Os dados assustadores se aplicam também ao Brasil. Aqui, uma pessoa comete suicídio a cada 45 minutos. Isso significa que 32 brasileiros tiram a própria vida em um único dia. A Organização Mundial da Saúde afirma que essa é a terceira maior causa de mortes de jovens brasileiros entre 18 e 29 anos.
O perfil do suicida brasileiro é motivo de preocupação: segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Ministário da Saúde em 2019, a maioria são homens negros, entre 10 e 29 anos. A OMS afirma que 78% dos casos de sucídio no mundo acontecem em países onde a maioria da população é de baixa ou média renda.
Por fim, ainda de acordo com a OMS, 9 em cada 10 casos de suicídio poderiam ser evitados, o que torna tudo ainda mais preocupante. Isso mostra como muitos países ainda não dão a devida atenção a esse problema. São relativamente poucos os que promovem campanhas públicas de prevenção ao suicídio.
No Brasil, o Setembro Amarelo acontece desde 2015 e busca conscientizar a população sobre as causas do suicídio e formas de prevenção, a fim de diminuir os casos em território nacional. No ranking mundial, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos em quantidade de óbitos dessa causa.
A figura do médico representa autoridade na sociedade. Realizar uma campanha como a do Setembro Amarelo em sua clínica médica significa validar e transmitir essa iniciativa aos seus pacientes.
Dessa maneira, eles recebem com mais seriedade qualquer tipo de alerta ou ação educacional promovida nesse sentido, considerando a credibilidade do médico ou da médica.
Ações como essa fortalecem a causa e cooperam ativamente para a redução nos números de suicídio. Para os médicos e responsáveis pela gestão de clínicas que estão em busca de ideias para implementar durante o mês de setembro (e até ao longo do ano todo), seguem algumas sugestões:
Todos podem ajudar a promover o Setembro Amarelo, sejam médicos ou pacientes. Afinal, o pensamento de uma pessoa suicida faz com que ela acredite que tirar a própria vida é a única ou a melhor solução para fugir de algo que a atormenta.
Assim, perceber os sintomas de problemas associados à saúde mental em uma pessoa de seu convívio, permite que você a ajude a iniciar seu tratamento com profissionais especializados. Para isso, é fundamental saber reconhecer os sinais.
Essa questão é ainda mais importante para médicos, já que, às vezes, a pessoa pode buscar uma consulta por estar relacionando um desses sintomas com alguma outra doença. Assim, o médico ou a médica deve ser capaz de ajudá-lo a identificar o verdadeiro problema.
Alguns sintomas e comportamentos que os profissionais de medicina devem prestar atenção são:
Estar atento a esses comportamentos e suas combinações é a chave para perceber se alguém está passando por um momento difícil. Estender a mão pode ser crucial para evitar que o problema cresça ao ponto de o indivíduo se tornar um suicida.
E mesmo que a pessoa não chegue a ter pensamento suicidas, se ela demonstra alguns sintomas, ainda precisará contar com profissionais que impeçam que a condição de saúde mental evolua para um quadro mais grave.
É importante ter em mente, também, que o histórico de vida influencia muito na condição do paciente. Assim, algumas causas de problemas de saúde mental podem ser:
Assim, é interessante que o profissional médico esteja atento e preste um atendimento completo a seus pacientes, inclusive com técnicas de medicina preventiva.
As redes sociais são ferramentas poderosas de comunicação e disseminação de informações. Portanto, é muito válido utilizar o perfil do consultório e os perfis profissionais dos médicos da clínica para demonstrar publicamente seu engajamento com o Setembro Amarelo.
Além disso, com as redes sociais e o marketing médico, é possível colocar em prática diversas ações para chamar a atenção do público para essa causa, como, por exemplo, fazer publicações educativas sobre saúde mental e prevenção ao suicídio.
Outra boa ideia é convidar profissionais especializados para discutir sobre o assunto, dar dicas e passar conhecimentos e informações relevantes sobre o tema. Além de apoiar o Setembro Amarelo, essa ação acaba sendo um serviço de utilidade pública, principalmente pelo fato de fomentar a discussão sobre o suicídio e demais problemas de saúde mental.
Afinal, um dos principais obstáculos para uma conscientização mais ampla é o tabu que foi construído ao redor desse tópico, o que estigmatiza quem precisa de ajuda e afasta essas pessoas do tratamento adequado.
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Muitos não sabem disso, mas a campanha Setembro Amarelo possui um site próprio, que conta com diversos conteúdos informativos para variados públicos.
Por isso, é muito interessante que as comunicações de sua clínica médica, além de falarem sobre o assunto, direcionem o público para o site oficial da campanha, a fim de que seus pacientes tenham a oportunidade de expandir sua visão e conhecimento sobre o assunto.
Além de posts informativos no site e redes sociais da clínica ou consultório médico, é interessante fornecer ou facilitar o acesso a materiais enriquecedores. No próprio site da campanha Setembro Amarelo, existem diversas cartilhas online e gratuitas.
Por exemplo:
Reforçando que: a divulgação desse tipo de material e informação é um serviço de interesse público que possui um papel fundamental no combate e prevenção ao suicídio.
O Setembro Amarelo possui um símbolo característico: a fita amarela. É uma marca visual que já está estabelecida e chama atenção para o assunto. É uma forma efetiva de lembrar rapidamente a população sobre a campanha e a importância do cuidado e prevenção.
Para fortalecer o discurso da clínica médica em torno desse tema, leve a fita amarela para dentro do consultório por meio de cartazes, panfletos e outros adereços, como uma pequena fita presa às vestes da equipe. O próprio site Setembro Amarelo possui materiais disponíveis para download e impressão.
Esses pequenos lembretes podem parecer modestos, mas ajudam a fixar o Setembro Amarelo e a seriedade da campanha na mente de quem é impactado por essa comunicação visual.
Ouvir é uma das principais formas de ajudar alguém que passa por um momento difícil. De maneira geral, a pessoa que se sente solitária, tende a esconder seus problemas. Os sentimentos de incompreensão e a falta de perspectiva colaboram muito para que o pensamento suicida se instaure em sua mente.
Por isso, é fundamental escutar atentamente o paciente e garantir uma boa experiência na clínica. Além disso, é essencial não desprezar ou fazer pouco caso do problema, como reproduzir frases “mas tem gente em situação pior” ou “fulano passou por isso e ficou bem”. Cada pessoa é única e lida com seus problemas de formas diferentes.
Os sinais, já mencionados neste artigo, podem ser identificados pelo médico ou médica durante a consulta com perguntas simples e ao analisar as respostas do paciente. Um simples “como você está?” ou pequenas perguntas relacionadas ao cotidiano podem revelar muita coisa, como desesperança, tristeza ou apatia.
Caso o profissional perceba algo, vale a pena investigar com mais perguntas para adquirir mais informações e verificar se existe motivo para preocupação. Se a suspeita se confirmar, a melhor alternativa é orientar o paciente a buscar ajuda especializada.
Ouvir o paciente é uma prática simples, que pode ser feita o ano todo e até nas teleconsultas, o que, certamente, ajudará muitas pessoas.
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Com tudo isso, percebe-se a importância de aproximar ainda mais sua clínica de seus pacientes. Nós podemos te ajudar com o ClinicWeb!