O diagnóstico médico é uma das etapas mais importantes da jornada do paciente em uma clínica ou consultório. É por meio dele que o médico poderá prescrever o tratamento certo para cada situação.
Entender essa importância é fundamental para desenvolver diagnósticos precisos, tratar doenças, síndromes e outros problemas com eficiência, oferecer os melhores resultados e fidelizar mais pacientes em sua clínica.
Por isso, continue a leitura e saiba tudo o que você precisa para acertar em seus diagnósticos:
Todo médico e profissional de saúde sabe: há uma imensidão de doenças, síndromes, distúrbios e outros problemas de saúde que podem afetar um paciente. Cada situação dessas exige um tratamento específico — e a prescrição desse tratamento é responsabilidade do médico.
Obviamente, você não pode tratar um paciente que tem câncer prescrevendo um remédio antiviral, assim como é impossível lidar com uma gripe por meio de quimioterapia. Não precisa nem ser médico para saber disso.
Mas o problema é que há situações não tão óbvias assim.
Por exemplo, às vezes as gomas sifilíticas, — que são sintomas da sífilis — levam o médico a diagnosticar erroneamente que o paciente tem hanseníase. Já a perda de peso e a depressão, que podem se manifestar como sintomas de hipertireoidismo em idosos, podem causar um diagnóstico equivocado de câncer.
A similaridade ou confusão entre sintomas coloca em risco os resultados do tratamento. Afinal, de nada adianta dar rifampicina, dapsona e clofazimina para tratar alguém que está com sífilis, certo?
E pior: um tratamento incorreto não é apenas ineficiente. Ele também pode colocar o paciente em perigo, piorar a doença que ele está sofrendo ou criar novos problemas.
Já pensou em como seria perigoso fazer um idoso passar por uma quimioterapia se ele só tiver hipertireoidismo?
É por isso que o diagnóstico preciso é tão importante. É ele que garante que o paciente receberá o tratamento correto a partir de uma avaliação cuidadosa feita pelo médico.
Além disso, realizar o diagnóstico com precisão e confiança, passando por todos os passos importantes, pode aumentar também a adesão ao tratamento, incentivando o paciente a seguir a prescrição à risca.
A realização de um diagnóstico acertado demanda alguns passos fundamentais. Mas antes mesmo de chegarmos nesse ponto, é preciso falar sobre a preparação do médico para segui-los com exatidão.
O primeiro ponto fundamental é o conhecimento médico sobre diferentes doenças, síndromes, distúrbios e quaisquer outros problemas que atingem seus pacientes. Afinal, é impossível acertar o diagnóstico de alguém se o profissional não conhecer a doença que o aflige.
Por isso, um profissional de saúde deve se atualizar constantemente e jamais pode parar de estudar. O número de problemas de saúde é imenso e há sempre coisas novas a aprender. Com um “repertório” mais amplo de conhecimentos, o médico poderá diagnosticar com muito mais facilidade.
Uma simples avaliação dos sintomas pode até dar ao médico uma ideia inicial do problema que atingiu seu paciente. Mas, para alcançar um diagnóstico preciso, é indispensável contar com bons exames.
Então, se for possível, busque oferecer os exames mais importantes em sua própria clínica. Para os demais, é interessante conhecer os laboratórios e clínicas de sua região para recomendar lugares confiáveis para o paciente.
O cardiologista americano norte-americano Paul Dudley White dizia: "Um médico que não é capaz de colher uma boa história e um paciente que não é capaz de contar uma estão ambos em risco de dar e receber um mau tratamento."
Ou seja: as informações de seu paciente são centrais para que você possa oferecer um diagnóstico médico certeiro.
Por isso, você precisa estudar e praticar estratégias para coleta de dados da anamnese e do histórico do paciente, além das técnicas para analisá-los na hora de compor um diagnóstico.
Um prontuário eletrônico facilita muito esse processo. Por meio dele, é possível registrar todos os dados com agilidade, além de consultar todo o histórico do paciente sempre que for necessário.
Leia mais: 8 vantagens de usar o prontuário eletrônico.
A partir dessa preparação, é hora de começar o processo para fazer um diagnóstico médico preciso, acompanhando a jornada do paciente dentro de sua clínica.
O primeiro passo geralmente não é feito pelo próprio médico, e sim por sua equipe. É a triagem: uma checagem de saúde realizada antes mesmo da consulta.
Nessa etapa, um profissional da clínica coleta informações sobre o paciente que vão servir tanto como uma base para a consulta médica quanto como dados adicionais importantes para a realização do diagnóstico.
Essa coleta de informações parte dos principais parâmetros médicos de um paciente. Ou seja, a equipe recolhe dados para compará-los ao padrão esperado para uma pessoa com a mesma idade, peso e estilo de vida. Dessa forma, é mais fácil distinguir quaisquer alterações.
As informações mais importantes nesse momento são:
O profissional também pode medir a glicose no sangue, além da saturação e o nível de oxigenação. Pode ser interessante, ainda, avaliar os picos de fluxo respiratório.
Além disso, é nesse momento que muitas clínicas questionam o paciente sobre seus principais sintomas e sobre alguma possível alergia a medicamentos.
Todas essas informações devem ser registradas no prontuário do paciente e compartilhadas com o médico. A partir delas, ele poderá ter uma anamnese muito mais direcionada e efetiva.
Importante: a portaria nº. 2048 de 5 de novembro de 2002 determina que o processo de triagem só pode ser realizado por profissionais com escolaridade superior no ramo da saúde. A pessoa precisa, também, realizar um treinamento para a tarefa.
Sua clínica realiza triagens?
Vale lembrar que a triagem não está presente em todos os consultórios, sendo mais comum em centros hospitalares, durante atendimentos de urgência e emergência, para dar mais rapidez ao atendimento, oferecendo aos médicos informações primárias, como temperatura corporal e pressão arterial.
Cabe ao médico ou ao gestor da clínica definir se essa prática também será aplicada em seus atendimentos. Se ela não for, esse primeiro levantamento de informações deve, preferencialmente, ser incorporado à anamnese pelo médico.
Com as informações da triagem em mãos — preferencialmente registradas em um prontuário eletrônico — o médico vai receber o paciente para a consulta de fato. E o primeiro momento dessa consulta deve ser uma anamnese minuciosa e detalhista!
De forma bem básica, a anamnese é uma entrevista com o paciente, que o médico realiza para avaliar sua situação de saúde, identificar alterações e começar a formular o diagnóstico.
Por isso, nesse momento o profissional precisa ser bastante analista, observador e até curioso, para questionar profundamente a situação do paciente.
Aqui é preciso ir mais longe do que os parâmetros básicos e é interessante até sair do que é mais diretamente ligado à saúde, questionando a profissão e os hábitos do paciente. Afinal, tudo isso pode dar mais dicas para a hora de compor o diagnóstico.
Também é nesse momento que o médico precisa se aprofundar no problema do paciente, aprofundando-se nos sintomas e questionando:
Há ainda as questões específicas de cada especialidade. Um cardiologista pode fazer perguntas sobre exercícios físicos, enquanto um oftalmologista deve questionar as dificuldades de visão do paciente, por exemplo.
Todas essas informações são fundamentais e o momento de coletá-las é durante a consulta!
No entanto, lembre-se de praticar a empatia durante todo esse processo para que o paciente sinta-se à vontade para compartilhar tudo com você.
Além disso, não deixe de registrar tudo em seu prontuário médico. As informações devem ser a base para seu diagnóstico, então é preciso contar com essa ferramenta para não esquecer de nada.
Leia mais: Anamnese médica: tire suas dúvidas sobre a preparação de um histórico do paciente.
Com as informações da triagem e da anamnese disponíveis, o médico deve compará-las com o histórico do paciente, se ele estiver disponível.
Primeiro, avalie os parâmetros básicos para identificar se houve mudanças, como perda de peso, por exemplo. Também confira outros problemas de saúde que o paciente já teve, outros tratamentos pelos quais ele pode ter passado, exames realizados e até os medicamentos que ele usou.
Um histórico completo pode ser um verdadeiro tesouro para conhecer a saúde do paciente e ter bases sólidas para o diagnóstico — e até para definir o tratamento adequado para ele. Afinal, pessoas diferentes podem ter reações distintas a procedimentos ou medicamentos.
Para um diagnóstico de qualidade, você precisa de excelentes exames, que realmente demonstrem a condição de seu paciente. Os resultados podem esclarecer totalmente os problemas da pessoa ou ajudar a eliminar suspeitas e evitar um diagnóstico equivocado.
Os exames a serem pedidos variam muito da especialidade do médico e do problema apresentado pelo paciente. Uma pessoa com taquicardia, por exemplo, geralmente precisa fazer um eletrocardiograma, um ecocardiograma, um teste ergométrico ou mesmo um exame com Holter, para ter um acompanhamento mais longo.
Há também exames comuns na maioria das consultas, como hemograma completo, colesterol, triglicerídeos e glicemia.
É sempre importante esperar os resultados dos exames antes de chegar a qualquer conclusão. Afinal, como já vimos, os sintomas podem ser enganosos.
Com todas as informações em mãos, é hora de alcançar o diagnóstico médico. Reúna todos os dados, compare com o histórico, avalie os exames e utilize seus conhecimentos médicos para ver para qual direção os indícios apontam.
É praticamente uma investigação. Faça um resumo completo do caso, use palavras-chave para lembrar e comparar pontos importantes, pesquise muito e levante hipóteses possíveis.
A partir dessas hipóteses, você pode partir para um esquema de exclusão, para determinar qual é a situação mais provável.
Tenha sempre em mãos outras opções possíveis. Assim, caso um diagnóstico não se comprove, é possível seguir outro caminho sem perder tempo, a partir da avaliação de como o paciente reagiu ao primeiro tratamento.
Como vimos, o principal ponto na busca por um diagnóstico preciso são as informações. Os dados da triagem e da anamnese, os resultados dos exames e mesmo os registros no histórico: tudo isso é fundamental para entender o problema que aflige seu paciente.
No entanto, são muitas informações, que — se não forem organizadas corretamente — podem bagunçar todo o processo do médico.
Por isso, é essencial contar com um sistema médico que ajude a concentrar e lidar com esses dados com facilidade. Um prontuário eletrônico que reúna histórico, exames e novos dados é uma excelente ideia.