A CID-11 é a mais recente edição da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, publicada em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) depois de mais de 30 anos.
Devido ao seu longo processo de implementação, ainda não está em uso no Brasil, mas como a sua principal função é ajudar no estudo de doenças, monitorar e padronizar cada uma delas, se atualizar é bem importante. Então aproveite a leitura para se preparar.
A CID é uma ferramenta essencial no mundo da saúde, usada para padronizar e organizar informações sobre doenças e condições de saúde em todo o mundo.
Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), essa classificação serve para que todos falem a mesma língua quando o assunto é diagnóstico e tratamento, facilitando a comunicação entre profissionais de saúde, governos e organizações globais.
Leia mais: O que você precisa para oferecer o melhor diagnóstico médico para seus pacientes?
A CID, Classificação Internacional de Doenças, não é apenas uma lista de doenças, ela tem um propósito muito maior. Sua principal função é categorizar doenças e condições de forma organizada, permitindo um registro preciso sobre o que os pacientes estão enfrentando.
Com a nova versão, a CID-11, houve um avanço significativo em termos de precisão e abrangência, incorporando novos conceitos e modernizando os códigos para acompanhar os avanços da medicina.
A CID 11 é a 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças, lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela chegou para substituir a versão anterior, a CID-10, que já estava em uso há mais de 30 anos.
Ou seja, a nova versão é muito mais moderna, refletindo as mudanças e avanços na medicina, e foi pensada para facilitar o uso tanto pelos profissionais de saúde quanto pelos sistemas digitais, como softwares médicos.
Além disso, a CID-11 tem uma estrutura mais flexível e digitalmente amigável, o que a torna muito mais prática para ser integrada em sistemas de gestão de saúde, como prontuários eletrônicos e plataformas de telemedicina.
Uma mudança importante é que ela expandiu o número de códigos, permitindo um detalhamento ainda maior dos diagnósticos, o que ajuda a tornar o atendimento médico mais personalizado e eficiente.
Leia mais: 10 benefícios da prescrição digital para clínicas e consultórios médicos
Em fevereiro de 2024, a OMS publicou a CID-11 em 10 idiomas diferentes, entre eles o português, já disponível no site da OMS.
Como ainda estamos no período de transição da CID-10 para a CID-11, a previsão da OMS é que a CID-11 esteja em uso nos sistemas de informação da vigilância a partir de 1º de janeiro de 2025.
Já deu para perceber que essa não é apenas uma atualização rotineira, a CID-11 é uma evolução significativa na forma como doenças e condições de saúde são classificadas globalmente. Algumas razões pelas quais ela é tão importante incluem:
Em resumo, a CID-11 traz uma série de benefícios para os profissionais da saúde, sistemas médicos e até para os pacientes, garantindo mais precisão e eficiência no atendimento e na gestão dos dados de saúde.
Leia mais: 7 razões para você trocar suas planilhas e papéis por um sistema de gestão para clínicas médicas
A CID-11 traz atualizações importantes para melhorar a CID-10. Entre essas mudanças, podemos destacar:
Quando a CID-10 foi oficializada, o acesso a computadores e dispositivos móveis estava dando seus primeiros passos. Hoje a realidade é bem diferente.
É muito difícil encontrar um jovem que não tenha computador pessoal, tablet, smartphone ou qualquer outro aparelho que possa ser utilizado para jogar.
Por isso, a CID-11 inclui transtornos relacionados ao uso excessivo de jogos eletrônicos, também conhecidos como gaming disorder, que em português significa distúrbio em jogos eletrônicos.
A OMS definiu essa patologia como “Padrão de comportamento persistente ou recorrente”. A Organização também considera uma doença grave, que pode comprometer o indivíduo em vários níveis.
A CID-11 passou a tratar a Síndrome de Burnout como uma doença de trabalho. Ela determina a doença como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”.
Antes, já constava na CID-10 como um problema de saúde mental, então o que muda na prática é seu efeito direto em processos trabalhistas e na Justiça do Trabalho, que receberá questões relacionadas ao esgotamento profissional por problemas de gestão da empresa.
Essa mudança atribui a culpa à empresa, uma vez que a doença é identificada como do trabalho e não do trabalhador.
Em outras palavras, a CID-11 está afirmando que a culpa pelo estresse mal administrado não é do colaborador ser exigente demais, perfeccionista ou mais propenso ao estresse, mas sim da má organização da empresa quanto à saúde dos trabalhadores.
Havendo laudo médico comprovando a doença, a justiça poderá responsabilizar a empresa pelo fator que causou a Síndrome de Burnout no trabalhador. Pode ser assédio moral, metas irreais, cobranças excessivas e outras situações.
O uso inadequado de medicamentos antibióticos e a produção de medicamentos falsificados preocupam os médicos há um bom tempo. Olha só alguns dados da ANVISA que comprovam como isso é um problema de saúde grave:
Por esse motivo, a CID-11 alinhou seu texto com a própria OMS, que determinou a resistência antimicrobiana como uma das dez maiores ameaças à saúde pública global. A partir da nova Classificação Internacional de Doenças, é possível mapear esse problema ao redor do mundo com mais facilidade.
Outra importante decisão da OMS foi remover do texto anterior da Classificação Internacional de Doenças o que era chamado de “transtorno de identidade de gênero”, já que a CID-10 definia a transexualidade como uma doença mental.
Com a chegada da CID-11, passou a existir um novo capítulo no documento, dedicado especificamente à saúde sexual. Neste capítulo, foi incluída a transexualidade.
Essa decisão foi muito importante tanto para a saúde pública quanto para os direitos humanos, uma vez que a definição anterior gerava uma percepção errada para muitas pessoas de que diversidade de gênero pode ser uma patologia e, principalmente, feria os direitos de pessoas transexuais.
Certamente, a CID-11 vai colaborar para reduzir o estigma sobre essas pessoas e também garantirá acesso às intervenções que possam vir a ser necessárias.
A nova CID classifica a transexualidade como incongruência de gênero. Isto é, um sentimento de angústia vivido por uma pessoa que não se identifica com seu gênero biológico.
Dessa forma, o esperado é que essa atualização diminua a discriminação e amplie o acesso a vários serviços de saúde pública, como tratamento para HIV, testagem e outros.
Leia mais: Como aplicar o atendimento humanizado em sua clínica?
Na CID-11, todos os transtornos que fazem parte do espectro autista estão reunidos: autismo infantil, Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e transtorno com hipercinesia.
Agora todos esses transtornos estão agrupados em um único diagnóstico: o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Apesar dessas mudanças, todos os comportamentos que antes faziam parte de cada uma das categorias, ainda fazem parte dos sintomas que os médicos devem observar. O que muda agora são as separações, que são avaliadas com base na frequência ou intensidade de cada característica de cada transtorno.
Nesse sentido, a CID-11 leva em consideração o nível intelectual e a linguagem da criança, se ela tem algum déficit intelectual ou não, se tem algum comprometimento grave ou leve. Já na CID-10, as classificações eram genéricas, o que não permitia um diagnóstico preciso.
Outra novidade da CID-11 é sobre o formato dos códigos que mudou. Antes, a sequência era formada por uma letra que designava o capítulo, seguida por dois dígitos expressando o grupo e, depois, um número para designar a condição de saúde.
Agora a sequência começa com um número que representa o capítulo, seguido por duas letras (ou uma letra e um número) que se referem ao grupo de afecções e, por fim, mais dois números para identificar a condição. Confira alguns exemplos dos códigos mais utilizados:
Código | Condição |
022E63 | Neoplasia melanoma in situ |
022E65 | Neoplasia de mama in situ |
055A11 | Diabetes mellitus tipo 2 |
066A71 | Transtorno depressivo recorrente |
066B00 | Transtorno de ansiedade generalizada |
088B00 | Hemorragia cerebral |
11BA00 | Hipertensão |
11BA40 | Angina pectoris |
11BA41 | Infarto agudo do miocárdio |
12CA40 | Pneumonia |
13DA42 | Gastrite |
13DD51 | Hérnia inguinal |
15FB83.1 | Osteoporose |
16GA10 | Endometriose |
16GA90 | Hiperplasia da próstata |
24QD85 | Burnout |
25RA01.0 | COVID-19 (vírus identificado) |
Assim como a Classificação Internacional de Doenças se modernizou, os médicos também precisam acompanhar essa transformação, adotando ferramentas que tornem o seu dia a dia mais prático e eficiente.
Um exemplo claro dessa evolução é o uso de softwares médicos com prescrição digital. Esses sistemas, integrados com a CID-11, permitem aos profissionais de saúde acessar facilmente os códigos mais atualizados, fazer diagnósticos precisos e emitir receitas digitais com mais segurança.
Isso não só agiliza o atendimento, mas também minimiza erros, melhora a comunicação entre equipes de saúde e a experiência para os pacientes. O ClinicWeb é um sistema capaz de entregar todos esses benefícios e proporcionar uma rotina mais eficiente, então não deixe de conhecer.